Resenha: Sonata em Punk Rock

Título: Sonata em Punk Rock

Autora: Babi Dewet

Editora: Gutenberg

Páginas: 300

      "Sonata em Punk Rock" é uma literatura nacional juvenil. O livro é o primeiro da série, intitulada "Cidade da Música", que terá três volumes, não seriadas, contudo, você poderá ler a história que mais irá te agradar. Teve seu lançamento na Bienal do Livro deste ano. Para quem não conhece Babi Dewet, uma característica marcante de suas histórias são personagens com algum envolvimento com a música, o que eu acho fantástico e atrativo.

       Nessa nova aventura musical criada por Babi, conhecemos Valentina Gontcharov, ou Tim como prefere ser chamada, uma garota de 18 anos com cabelos platinados e roupas rebeldes nada convencionais, possui um temperamento forte e um espirito rock'n'roll. Tim é fascinada por música desde criança, não se desgruda de sua velha guitarra, sempre quis ter sua própria banda e seu maior sonho é estudar na conceituada Academia Margareth Vilela, um conservatório de Música mais famosa do país, onde se formam grandes e reconhecidos músicos. 

"A verdade é que quando se faz o que gosta, tudo começa a fazer sentido e valer a pena." 

    Mas nem tudo são flores na vida de Valentina. Seu pai a abandonou ainda criança, só porque não queria ter responsabilidades logo cedo e assim pudesse realizar seus sonhos (achei bacaca esse cara, ah como eu achei!) e sua mãe teve que se virar sozinha para cuidar dela, passando por dificuldades. A vida de Tim só começa a "dar certo" quando ela descobre que conseguiu a vaga no Conservatório, mesmo com a situação financeira não muito boa, isso não a impediu de ser aceita. Tim é uma garota super talentosa, possui um ouvido absoluto capaz de reconhecer notas e reproduzi-las facilmente, e tudo que sabe sobre música, aprendeu sozinha. Para sua surpresa, seu pai ausente agora muito rico e famoso, aparece descobrindo que sua filha têm dons musicais e conseguiu ser aceita onde ele também estudou, se oferecendo para pagar o curso para Tim. Sem muitas alternativas, ela acaba aceitando tal "ajuda" do pai, prometendo que assim quando puder devolverá cada centavo.

     E assim começa sua jornada a tão sonhada Cidade da Música. Seu atrativo começa pelo fato que a Academia Margareth Vilela gira em torno nessa cidade. Cheia de expectativas e sonhos, Tim percebe ao chegar que a realidade por lá é outra: as pessoas são muitos diferentes uma das outras, sendo bem difícil de fazer amigos, além que todos a olham como "esquisitona", Tim tem que aprender a lidar com muitos desafios. O Conservatório é pura riqueza desde a entrada até os dormitórios, o mesmo para a música, com um foco enorme na música clássica, o que para Tim não é algo interessante, ainda mais com todo seu estilo agitado e sua alma Punk Rock.

“A vida é como uma orquestra; são necessários muitos instrumentos em harmonia para que a música toda faça sentido. Mas, na maioria das vezes, você nem sabe tocar esses instrumentos. E, sempre vai ter alguém dizendo que seu gosto musical é ruim, mesmo que seja o som que te faz feliz. e isso é um saco principalmente quando se é jovem e cheio de sonhos”

       Em sua primeira noite na Margareth Vilela, Tim não contava que o talentoso, lindo e arrogante Kim cruzaria seu caminho em circunstância difícil de ignorar. Como alguém conseguiria deixar de lado um garoto lindo, misterioso, parece um Deus asiático daquele jeito? Isso é apenas o começo...

       Por que alguém escolheria uma orquestra se pode ter uma banda de rock? 

No Conservatório, Tim tem que lidar com uma certa mudança de estilo musical: Lá é obrigatório que todos os alunos estudem um instrumento clássico, já desespera Tim. Para isso, ela tem que vencer o seu orgulho e convencer Kim a lhe dar aulas de piano e ajudá-la a passar de semestre. Essa aproximação entre os dois trará uma transformação em suas vidas.

      Confesso que de início não gostei muito do Kim. Mas ao longo da história, começamos a entendê-lo melhor e isso acontece naturalmente. É um personagem que carrega muita coisa dentro de si, buscando ser compreendido por alguém que possa confiar. Kim se sente preso, desesperado por liberdade e, graças ao seu instrumento favorito, o piano, pode fugir da realidade criando seu próprio mundo.

“O som do piano era incrível, e a forma delicada com que Kim tocava fazia parecer que a música saía de sua própria cabeça. Era leve, romântica e com combinações de notas que ela não imaginaria que pudessem estar juntas. O corpo inteiro dela pareceu relaxar e ela se lembrou de momentos felizes da sua infância.”

      Uma coisa que acho importante mencionar, teve algumas partes que a narrativa do livro me deixou "confusa": Havia narrações feitas por Valentina e do nada mudava para Kim, sem aviso prévio! Eu gostei da alternação dos pontos de vista dos personagens, só senti falta de algo sinalizando a mudança (mas isso é um ponto meu, porque sou meio distraída haha'). Então futuro leitor deste livro, fique atento a esse detalhe. Entretanto, não prejudica o enredo, pelo contrário, explora muito mais a história e até nos ajuda compreender os pensamentos de alguns personagens.

     O livro fala bastante de empatia, sororidade, preconceitos, um pouco sobre feminismo e outros assuntos contemporâneos, Babi abordou muito bem cada assunto, sem ficar apelativo, chato e "pesado", levando o leitor refletir sobre os temas. Precisamos mais disso nos livros juvenis, juntamente com personagens mais próximos a nossa realidade. A minha única e pequena "crítica", foi o fato que a Academia Margareth Vilela ser descrita como uma Faculdade de Música, porém eu achei muito parecida com uma High School Americana! Os personagens apesar de já terem passado dessa época, tinham atitudes e comportamentos adolescentes, algumas vezes sendo imaturos demais de acordo com suas idades. Mesmo assim, eu amei o livro, me encantei pela história! Em algumas partes, senti próxima a Valentina, me identifiquei com ela, principalmente por seu gosto musical, quero ser amiga da Tim, compartilhar bandas e músicas, porque sim! haha' E lógico, pelo fato de estudar música, ter uma banda de Rock, eu já quis isso! Lendo esse livro me deu até nostalgia total de quando eu era adolescente e queria tocar minha música por ai, viver de música... ~revelações~ Por essa razão, "Sonata em Punk Rock" se tornou meu queridinho com um espacinho garantido no meu coração <3

Eu tenho vontade de viver na Cidade da Música agora, como faz? kkkkk'

       Tim foi uma personagem muito bem construída e próxima a nossa realidade, uma garota simples que luta para seguir seus sonhos, não se deixando abalar com qualquer dificuldade que cruza seu caminho, determinada, corajosa, amiga de todas as horas e ligada a família (no caso sua mãe), mesmo longe, ela sempre mantinha pensando na mãe e como estudar naquele conservatório ajudaria dar melhores condições de vida para as duas, uma forma de agradecer sua mãe por tudo que lhe foi feito. 

      "Sonata em Punk Rock" foi um livro que me chamou atenção pelo título e também pela capa (Parabéns, Editora Gutenberg por todo cuidado na escolha da capa e também pela diagramação que está perfeita). Esse foi o primeiro livro que li da Babi Dewet, sempre quis conhecer suas histórias, sua escrita e olha, me surpreendeu demais! Babi tem uma narrativa leve, atual, simples e o fato de ter música envolvida, me deixou mais maravilhada ainda. Dá para sentir todo o coração da Babi em cada detalhe desse livro!

      Cada capítulo apresentado é o nome de uma música, eu surtava por cada banda que aparecia! Isso deixou o livro bastante interativo, leia o livro ouvindo essas músicas, sério! Você vai se sentir na história. Além disso, há várias referências ao universo geek, a cultura pop e cultura asiática em especial o K-Pop que, a principio, não conhecia se tornando seu diferencial, nunca li nada que envolvesse essa cultura, adorei. 

Recomendo a leitura para quem ama referências musicais, dramas e romances adolescentes (não clichê), sonhos, amizade e muito, muito Rock'n'Roll. Estou ansiosa para os livros seguintes, "Cidade da Música" terá novas histórias com novos personagens. O que resta fazer é aguardar. (ai minha ansiedade que não dá pra controlar kkk').

 

Como um bônus da resenha, colocarei a playlist do livro que é maravilhosa, só pra deixar um gostinho de como a história é envolvente. Pegue seu fone de ouvido e curta a playlist! Bom som e boa leitura á todos!

1. Rock & Roll - The Runaways

2. No more dream - BTS

3. Welcome to the jungle - Guns n' Roses

4. Fake Plastic Trees - Radioheard

5. No feelings - Sex Pistols

6. Make me wanna die - The Pretty Reckless

7. O Guarani - Carlos Gomes

8. Head on collision - New Found Glory

9. Good Riddance (Time of your life) - Green Day

10. Nillili Mambo - Block B

11. Rebel yell - Billy Idol

12. Noturno - Chopin

13. Punk Rock 101 - Bowling for soup

14. Cherry Bomb - The Runaways

15. Pretty Girl - Sugarcult

16. Concerto para y violino - Vivaldi

17. Heart of glass - Blondie

18. Queens of noise - The Runaways

19. How soon is now? - The Smiths

20. Baby, I love you - Ramones

21. Sonata para piano - Igor Stravinsky

22. Changes - David Bowie

23. I'm in love with a monster - Fifth Harmony

24. One way or another - Blondie

25. Bad Raputation - Joan Jett & The Blackhearts

26. Boulevard of broken dreams - Green Day

27. Space Oddity - David Bowie

28. I love Rock'n'Roll - Joan Jett & The Blackhearts